A visita aos Geisers del Tatio é a mais desafiadora do Atacama. A temperatura em El Tatio é sempre negativa, os geysers ficam acima dos 4300 metros de altitude e é preciso deixar San Pedro ainda durante a madrugada. Só assim é possível estar no Campo Geotérmico ao amanhecer e vê-los no auge de sua atividade. O passeio a El Tatio contratado por agências é um dos mais caros do Atacama, e para completar, a estrada para El Tatio é toda de terra, assustando ainda mais quem pretende fazer o passeio por conta.
Mas, será que é tão difícil assim? E será que vale mesmo a pena visitar El Tatio?
Veja aqui todos posts da nossa viagem de carro pela Argentina, Chile e Bolívia.
Muita gente que viaja até o Atacama de carro desde o Brasil, ou quem aluga carro em Calama, acaba contratando passeio para ir a El Tatio em função de da anunciada “dificuldade” em subir até lá. Nós subimos com nosso carro e afirmamos com certeza: você só contrata passeio por comodidade. Não é uma necessidade, é possível ir até lá dirigindo e com qualquer tipo de veículo!
Como chegar a El Tatio de carro, por conta própria
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Diante da recomendação de estar lá pra o nascer do sol e por não sabermos o que a estrada nos reservava, saímos do hostal cerca de 30 minutos antes do horário dos passeios. Com isso, caso não soubéssemos que caminho tomar em alguma bifurcação, bastaria parar, esperar uma van de turistas e segui-la. E assim fizemos: na altura do povoado de Guatin, próximo ao Cañon de Guatin, a B-245 segue à esquerda e à direita surge a B-221, que dá acesso às Termas de Puritana. Claro que as 5 horas da manhã e num breu quase absoluto a única coisa que vimos foram as luzes traseiras de um carro menor que seguia distante à nossa frente. Fomos atrás dele, tomando a pista da direita.
Subimos além de 4300 metros entre areia, pedras e buracos de uma estrada realmente difícil e com subidas íngremes. Em determinado momento precisamos passar o carro que nos dava o caminho (um GOL) pois tínhamos medo de chegar tarde. Agora, sem ninguém à frente, éramos só nós e a escuridão…. até que surgiu uma nova bifurcação, optamos pela saída à direita e a coisa ficou realmente feia. O que mal pareciam uma estrada, começou a descer e paramos. Retornamos na intenção de averiguar o outro caminho quando passava por ele uma van a fáceis 60Km/h. Depois mais duas, todas seguindo por outra estrada, ao lado da nossa, para onde a bifurcação levava. Essa nova estrada parecia um tapete de tão boa em relação ao caminho que fizéramos até então. Rodamos por mais alguns minutos e chegamos a El Tatio!! Spoiler: No retorno seguimos as vans e a estrada do retorno foi a B-245, em ótimas condições. A subida por ela teria sido muito mais fácil! Olhando pelo Google Earth descobrimos que nessa segunda bifurcação, se seguíssemos pela estrada que descia entraríamos no leito do Rio Putana!
Quando chegamos a El Tatio ainda estava escuro e alguns poucos carros estavam lá. Mantivemos nosso motor ligado seguindo dica lida na internet, para evitar congelamento do líquido de arrefecimento do carro. E também para nos aquecer, pois o frio era cortante. Aos poucos foram chegando mais carros e reforçando nossa certeza de que é possível fazer o passeio com qualquer tipo de veículo: carros de passeio comuns, alguns de luxo, micro-ônibus, motor 1.0, tinha de tudo.
Como é a visita aos Geisers del Tatio
O dia começou a clarear sem um nascer-do-sol propriamente dito, pois os raios de luz vêm por detrás das montanhas. Não espere pelo sol para caminhar entre os geiseres! Só é possível ver o sol lá pelo meio da manhã, quando muitos passeios já foram embora. Muito antes disso, os primeiros raios de sol permitem avistar o vapor branco da água fervendo e o cheiro de enxofre toma conta do lugar. Há geiseres de todo tamanho, desde poucos centímetros até os maiores, que atraem mais pessoas em torno da expectativa da altura que a água irá jorrar. Vença o frio, saia do carro o quanto antes e aproveite para caminhar entre os geiseres aos primeiros raios de sol, quando a atividade atinge o auge. Não se frustre, no entanto, se a água não subir tanto quanto você espera. Quando visitamos, os jatos não passaram de um metro de altura.
Na medida que a temperatura se eleva, o vapor desaparece e a atividade dos geisers diminui. Os turistas seguem então para uma piscina termal, formada pela água dos geisers. O lugar é bem estruturado, com muitos vestiários, mas a temperatura exterior negativa faz com que poucos corajosos se atirem na água. Leve roupa de banho, caso tenha a pretensão de ser um deles.
No retorno, agora pela estrada certa, a B-245, algumas paradas. A primeira no Vale do Rio Putana, próximo à ponte, de onde pudemos avistar uma grande variedade de aves que ali vivem. O verde no leito do rio impressiona em contraste com a areia do deserto!
Mais adiante, passamos ao largo pelo povoado de Machuca, desfrutando de um dos maiores benefícios de fazer os passeios por conta: Não precisar parar nos “pequenos povoados pra ver artesanato em feirinhas organizadas pela população local”. Aliás, se você gosta de povoados locais, faça o que nós não fizemos: experimente a caminhada que sai do povoado de Machuca costeando o Rio Grande e conheça o povoado de Rio Grande. Depois nos conte, pois essa caminhada está nos planos de nossa próxima viagem à região!!
Ao final da descida, chegando a SPA, entendemos o ponto onde havíamos pegado a estrada errada, não tão errada assim pois afinal nos levou também a El Tatio, mas poderíamos ter feito uma subida mais tranquila se não tomássemos a rota via Termas de Puritana. Então fica nossa dica principal: Não tome a estrada para as Termas!!
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