Há muito o que fazer em Tilcara. Conhecida como a “Capital Arqueológica” do Norte Argentino, ou pelo menos da província de Jujuy. A cidade foi nossa base na Quebrada de Humahuaca (veja aqui como escolher a sua). A escolha não foi difícil, em função da localização central e da maior oferta de hospedagem. Visitamos a Pucará de Tilcara, onde fica também o Jardim Botânico de Altura, com seus cactus gigantes. Também fomos à Garganta del Diablo, onde caminhamos no interior do cânion até uma cascata.
Veja aqui todos os posts da viagem de carro pela Argentina, Chile e Bolívia.
Pucará de Tilcara
No contexto de um país que compara Maradona a Pelé, Buenos Aires a Paris, que um dia acreditou que um peso valeria um dólar (ih, nessa nós tb caímos!!) não é de se espantar que se compare a Pucará de Tilcara a Machu Picchu. Mas só nesse contexto. A única relação entre as duas talvez seja o fato de ambas serem feitas de pedra. Mais nada.
Quem visita a Pucará (Fortaleza, em quechua) sobe um morro de cerca de 80 metros de altura, podendo entrar nas casinhas baixas, de porta estreita e teto de barro, que existem ao longo da encosta. Todas elas rodeadas por cactos gigantes, até mais interessantes que os do Jardim Botânico de Altura.
No alto do morro as construções diminuem e a presença dos cactos aumenta, à medida que as vistas da Quebrada ficam mais impressionantes. O ponto alto da visita é chegar ao monumento em formato de pirâmide construído em homenagem aos arqueólogos, e cuja construção destruiu boa parte do sítio arqueológico (!!). Da Pucará naquele local, restou o pôr-do-sol sobre a Quebrada de Humahuaca. Infelizmente ele também não pode ser apreciado por completo, pois o horário de visita da Pucará de Tilcara é das 9 às 18h, e não é permitido permanecer além desse horário.
Jardim de Cactos gigantes
O Jardim Botânico de Altura fica no acesso à Pucará de Tilcara. A entrada é pelo mesmo portão, logo adiante fica o Jardim e seguindo adiante você sobe em direção à Pucará. Lá você encontra cactos de tudo quanto é jeito, e aprende que existem mais de mil espécies de cactos!! A caminhada entre os diferentes cactos é interessante, mas o grande barato do Jardim é caminhar em um corredor de cactos gigantes.Infelizmente nossa visita não durou muito. O Pedro resolveu caminhar sobre as pedras que dividem a trilha dos cactos, se desequilibrou e caiu sobre um deles. Era um cactos pequeno, ele caiu sentado atrás do cactos, e a perna ficou cheia de espinhos longos e muito finos. Por sorte vestia uma calça bem grossa, evitando um estrago ainda maior.
De imediato procurei ajuda na entrada do parque, não esperei a resposta e fui ao hotel buscar antisséptico nosso kit de primeiros socorros. A Cássia ficou com o Pedro. Quando retornava, passei por uma caminhonete que sinalizou algo. Acostumado a dirigir em Porto Alegre, achei que era alguém reclamando de qualquer coisa e ignorei. Quando cheguei ao parque, a caminhonete chegou logo atrás com a Cássia e o Pedro. Era um carro da administração levando os dois ao hospital, que retornou pra me encontrar! :)
Seguimos juntos ao Hospital de Tilcara, onde esperamos por cerca de 10 minutos e fomos atendidos.
Sem muito o que fazer, o médico passando a mão localizou um espinho, removeu e disse que os demais sairiam naturalmente. Nossa maior preocupação, de que o tal cactos fosse tóxico, venenoso ou qualquer coisa do tipo, foi descartada.
Pelos próximos três dias o Pedro não deixou mais ninguém tocar nas suas pernas, e ele mesmo removeu os espinhos! A gente via ele passando a mão na perna, perguntava e ele respondia “to tirando espinho!“.
Sobre o hospital, em primeiro lugar agradecer o fato de que ele existia! Se é pra acontecer isso, que seja a cerca de 2Km de um hospital. Segundo, o atendimento rápido e gratuito. Só demos o nome e o RG. Sem formulários, sem assinaturas. Sobre o parque, a atenção em disponibilizar um carro para nos acompanhar até o hospital, e o fato de que não fomos presos por danificar uma planta do jardim botânico! :)
Garganta del Diablo
A Garganta del Diablo fica a cerca de 7Km do centro de Tilcara, dentro da Comunidade Ayllu Mama Qolla. Cuidado para não confundir com a formação rochosa de mesmo nome existente a caminho de Cafayate.
Trata-se de um “cânion” escavado na montanha pelo Rio Huasamayo. Chega-se até lá de carro subindo a montanha até uma pequena “portaria”. Há cobrança de um valor simbólico como ingresso para a descida até o leito do rio. Há uma segunda trilha, menor, onde só se entra caminhando e chega-se à Garganta percorrendo uma distância menor, de cerca de 4Km.
Não há qualquer estrutura pelo caminho, nem na entrada do “parque”. Leve água, comida, o que julgar necessário para o passeio. Descendo por uma escadaria você tem dois caminhos, Um leva a uma “cascata natural”, uma trilha de cerca de 1Km pelo leito seco do rio, até chegar na cachoeira.
O outro caminho é mais curto, acompanha a borda do canyon até o ponto em que é interrompido. Após essa interrupção a trilha segue, mas não ultrapassamos a barreira.
Nossa avaliação é de que o passeio vale a pena se você estiver fazendo a viagem com calma e tempo de sobra. A experiência é interessante, mas o cânion não é tão profundo e a cachoeira é comum. Vale pela paisagem, mas as paisagens de toda a região são espetaculares. Se tiver que escolher, com certeza uma esticada a Humahuaca trará um melhor aproveitamento de seu tempo!
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